Braga figura entre as nove pré-seleccionadas a Capital Verde Europeia 2026. A candidatura, apresentada ontem, é um sonho antigo, que agora se torna possível graças a “um processo de transformação de um território cada vez mais sustentável”.
Braga é oficialmente candidata a Capital Verde Europeia 2026. A candidatura, apresentada ao final da tarde de ontem no Parque da Rodovia, é “um sonho antigo” que reflecte “um processo de transformação de um território, que se tornou mais sustentável e amigo do ambiente”, garantiu Ricardo Rio. Braga e Guimarães são as únicas cidades portuguesas que figuram na lista de nove pré-seleccionadas.
Esta distinção é atribuída pela Comissão Europeia a cidades com mais de 100 mil habitantes que sejam um exemplo de sustentabilidade ambiental, social e económica. A cidade vencedora recebe um prémio financeiro no valor de 600 mil euros e irá suceder a Valência, em Espanha, actual Capital Verde Europeia, e a Vilnius, na Lituânia, já eleita para o ano de 2025.
O presidente da câmara de Braga, Ricardo Rio, sublinhou que ser Capital Verde “não é ser uma cidade perfeita. A Capital Verde é uma cidade onde há ruído, onde pode haver poluição, onde pode existir um qualquer incidente ambiental, onde árvores são abatidas. Isso é sinónimo de uma Capital Verde, onde vivem mais de 100 mil habitantes, onde é preciso conjugar a dimensão da natureza, do ecossistema com a interacção humana. O que se deseja é que essa interacção seja o mais equilibrada possível”, frisou.
“Mais do que um mero conjunto de indicadores, é um processo de transformação de um território com o objectivo de ser também cada vez mais sustentável e cada vez mais amigo do meio ambiente”, considerou Ricardo Rio. “É isso que temos tentado fazer em Braga, é o caminho que temos trilhado com objectivos muito claros”, acrescentou.
O autarca assegurou que Braga só se candidatou quando “considerou que tinha condições para ser bem-sucedida. Houve muito trabalho e transformações no território até nos encontrarmos preparados para nos submetermos ao escrutínio internacional”, disse.
Ricardo Rio disse ainda que um dos objectivos é que o exemplo de Braga possa ser replicado noutras cidades da Europa. Por outro lado, o autarca referiu a necessidade de tornar estas políticas “perenes no tempo”. “Em 2026, não serei eu o presidente da câmara. O que se deseja é que as políticas seguidas ao longo dos últimos anos nesta matéria não sejam interrompidas. Ser Capital Verde Europeia é uma responsabilidade e quem quer esteja à frente da câmara municipal vai ter de estar à altura dessa responsabilidade”, afirmou.
Por sua vez, Altino Bessa, vereador do Ambiente, disse que a candidatura a Capital Verde Europeia era “um sonho e um desígnio” que acalentava desde que tomou posse, em 2013. “Em 2013, não tínhamos o mínimo de condições para uma candidatura de sucesso”, referiu. Agora, “foi um atrevimento da nossa parte, mas independentemente do resultado, chegar a esta fase e estar entre as nove cidades europeias já é um ganho enorme, impossível de alcançar há uns anos atrás”, considerou Altino Bessa.
De acordo com Sérgio Costa, da Simbiente, a candidatura assenta em sete temas/indicadores, entre eles: Qualidade do Ar, Água, Biodiversidade, Áreas Verdes e Uso Sustentável do Solo, Resíduos e Economia Circular, Ruído, Alterações Climáticas: Mitigação e Adaptação. Entre os argumentos que fundamentam esta ambição foi referido o Parque das Sete Fontes, que, segundo o município, será “o maior parque ecomonumental do país”, com uma área de 90 hectares, que é um dos trunfos da candidatura de Braga. Destaque ainda para o Monte do Picoto, “que, em 2018, se tornou no maior Parque Urbano de Floresta Nativa do país, com 21,2 hectares”.
O projecto de regularização e ordenamento do rio Torto, da ribeira de Panóias e da ribeira de Castro, e ainda a renaturalização do rio Este, que abrange um total de 4211 metros quadrados, são outros contributos para a candidatura.
Destaques ainda para uma ciclável de 76 quilómetros que estará pronta em 2025, para a ecovia do Este, com quatro quilómetros de extensão, e para a reabilitação do Parque das Camélias (três hectares) e do Parque do Bom Jesus, com plantação de espécies autóctones e remoção de espécies invasoras.
Fonte: Correio do Minho